A entrevista na íntegra sobre o livro Aqui há Mel ao Jornal de Vila do Conde.
“Numa altura em que não nos podemos abraçar,
espero que a minha poesia o faça e toque o coração das pessoas.
Não estamos sozinhos.”
– Jornal de Vila do Conde: Como surgiu a ideia de escrever um livro? Porquê poesia e fotografia?
– Fabiana Couto: O livro aconteceu naturalmente. Comecei a escrever bastante no início do ano 2020, ainda antes da pandemia, e prolongou-se durante o confinamento. Ganhei o hábito de anotar o que pensava, o que sentia, fossem ideias, fossem poemas, porque achava importante pôr tudo isso no papel. Quando li as minhas Notas pensei: “Porque não juntar estes pensamentos, estes poemas, num livro?” e assim nasceu o Aqui há Mel. A escrita ganhou assim uma dimensão ainda maior na minha vida e a ela juntei uma das minhas grandes paixões, a Fotografia. As imagens que registamos hoje serão amanhã as memórias, e acompanharão as histórias que um dia contaremos. Como se costuma dizer, uma “simples” imagem pode dizer muito.
– JVC: Porquê “Aqui há Mel”?
– FC: O título é sempre um grande desafio para qualquer autor, especialmente para aquele que está a entrar neste mundo da escrita, como eu. Senti a importância e a responsabilidade de, em poucas palavras, mostrar do que se trata o livro. Como o Aqui há Mel é sobre os desafios da vida, sobre o que experienciei, sobre as questões da auto-estima e sobre as superações, quis transmitir que podemos fazer do amargo de uma situação que nos aconteceu, o melhor doce de sempre. É importante passar a mensagem que podemos melhorar, evoluir e, acima de tudo, nos permitirmos a um processo de auto-conhecimento. O nome Mel tem uma simbologia ainda maior, porque para além de sugerir essa “receita” para uma vida mais doce, é o nome da minha melhor amiga de quatro patas, uma cadela Labrador, que me acompanha na capa do livro.
– JVC: Qual é o objetivo do livro? Que mensagem pretende passar?
– FC: O objetivo do livro é que as pessoas se sintam bem com o que escrevi, que se identifiquem e que sintam, acima de tudo, que não estão sozinhas. Vivemos numa era de tecnologia e de redes sociais que têm muito impacto nas nossas vidas, e acontece que algumas pessoas conhecem muito pouco, mas julgam muito, usando essencialmente essas ferramentas para ferirem os outros. Quis deixar bem seguro com o Aqui há Mel que todos nós temos desafios, temos problemas, e que devemos ser mais generosos e bondosos connosco e com os outros.
– JVC: É um livro direcionado para um tipo de leitor específico?
– FC: Não, o Aqui há Mel é para todos, e faz sentido que o seja. Tenho tido essa experiência desde que o livro foi publicado e tem sido adquirido por leitores de gerações diferentes, por exemplo.
– JVC: Enquanto Vilacondense, considera imperativo falar de José Régio? Porquê?
– FC: A escrita está muito presente no ADN de todos nós portugueses, e alguns dos grandes nomes da nossa Literatura foram e são de Vila do Conde. Menciono José Régio no meu livro porque nos “cruzamos” também no Alentejo, mais precisamente em Portalegre, que me diz muito, e onde José Régio viveu e deu aulas durante 30 anos. É uma das minhas grandes referências na Escrita.
– JVC: O que é que as pessoas podem esperar do “Aqui há Mel”?
– FC: Podem esperar empatia e força. Podem esperar incentivo e transmissão de confiança. Numa altura em que não nos podemos abraçar, espero que a minha poesia o faça e toque o coração das pessoas. Não estamos sozinhos.
– JVC: Onde é que o livro está disponível para compra?
– FC: O livro encontra-se disponível à venda online no site da editora Chiado Books. Essa informação e outras sobre os pontos de venda do Aqui há Mel estão disponíveis no meu site fabianacouto.pt
– JVC: Uma pergunta talvez mais pessoal… De jornalista a escritora… Como se deu essa mudança?
– FC: Não considero uma mudança, mas sim o reflexo daquilo que eu sou. As áreas do jornalismo, da escrita, do marketing e da assessoria em que também já conto com trabalhos, assim como da fotografia, são formas de comunicar. A Comunicação é o meu caminho, e as vertentes que existem dessa área são as minhas ferramentas.
Entrevista ao Jornal de Vila do Conde, Janeiro de 2021.