Um livro com um grande significado para mim, de um autor que admiro muito. Encontro-me com José Régio tanto em Vila do Conde como em Portalegre. Coincidências bonitas.
Sinto-me em casa nesta cidade do Alto Alentejo, com um sentimento de pertença tão natural, como não esperava eu algum dia sentir por um outro lugar que não fosse aquele onde nasci. Aqui no Alentejo aprendi muito. Aprendi a amar ainda mais a natureza e a entender os seus sinais, a “perder-me” na imensidão das paisagens, que são como obras de arte eternizadas em telas perfeitas de vida. Aprendi sobre a vida no campo, do trabalho na terra, nobre e louvável, merecedor de um maior reconhecimento e valorização. Aprendi que a natureza dá exatamente o que precisamos, e na hora certa. Fiz amigos que se tornaram família. Aprendi as expressões típicas da região e agora digo-as com carinho. Embora, o sotaque do norte denuncia-me onde quer que eu vá, mas recebem com simpatia e graça, aliadas à curiosidade: “Como alguém que é de tão longe se apaixonou por este lugar?!”
No meu coração, na minha vida, há uma ponte entre o mar e a serra. E quando falam da distância que existe entre os dois, os meus olhos respondem antes das palavras.
A viagem é longa, mas é bonita, sempre.
Há lugares que gostamos de visitar, outros que nos podem levar a imaginar como seria se neles vivessemos. Mas, para mim, Portalegre não foi uma visita, nem uma mera experiência.
Foi um encontro.
“Em Portalegre, cidade Do Alto Alentejo, cercada De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros, Morei numa casa velha, Velha, grande, tosca e bela, À qual quis como se fora Feita para eu morar nela…” Toada de Portalegre, de José Régio Foi feita para eu morar nela. Poesia.
– Fabiana Couto