Um livro que me diz muito de um autor que admiro tanto. Ambos vilacondenses, e com o coração também em Portalegre. Coincidências bonitas. Sinto-me em casa nesta cidade do Alto Alentejo, com um sentimento de pertença tão natural, como não esperava eu algum dia sentir por um outro lugar que não fosse aquele onde nasci. Aqui no Alentejo aprendi muito. Aprendi a amar ainda mais a natureza e a entender os seus sinais, a “perder-me” na imensidão das paisagens, que são como obras de arte eternizadas em telas perfeitas de vida. Aprendi sobre a vida no campo, do trabalho na terra, nobre e louvável, merecedor de um maior reconhecimento e valorização. Aprendi que a natureza dá exatamente o que precisamos na hora certa. Todos os dias há amanhecer e entardecer, e todos esses momentos têm detalhes únicos que emocionam e abraçam. Fiz amigos que se tornaram família. Aprendi as expressões típicas da região e agora digo-as com carinho. Embora, o sotaque do norte denuncia-me onde quer que eu vá, mas recebem-no com simpatia, e também com curiosidade de entenderem como alguém que é de tão longe se apaixonou por este lugar. Tenho o coração dividido, e que bem que ele está. Nele, há uma ponte entre o mar e a serra. E quando falam da distância entre os dois, os meus olhos respondem primeiro que as palavras. A viagem é longa, mas é bonita, sempre.Há lugares que gostamos de visitar, outros que nos podem levar a imaginar se viveríamos neles ou não. Mas, para mim, Portalegre não foi uma visita nem uma mera experiência. Foi um encontro.“Em Portalegre, cidadeDo Alto Alentejo, cercadaDe serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,Morei numa casa velha,Velha, grande, tosca e bela,À qual quis como se foraFeita para eu morar nela…”Toada de Portalegre, de José RégioFoi feita para eu morar nela. Poesia.

– Fabiana Couto